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Matemática e Geografia combinam?
- novembro 1, 2017
- Postado por: singularidades singularidades
- Categoria: Notícias
A letra da música “Parabolicamará” de Gilberto Gil, gravada em 1991 e lançada em 1992, no disco de mesmo nome, anunciava poeticamente a supressão do espaço pelo tempo, narrando em seus versos um dos fenômenos mais presentes em nossas vidas: a globalização.
Os avanços tecnológicos no campo dos transportes e da comunicação permitiram uma integração entre as diferentes partes do mundo, contribuindo para que fenômenos econômicos, sociais e políticos deflagrados nos confins da Terra reverberem localmente, salientando a complexidade dos acontecimentos. O crash da bolsa de Nova York é uma boa forma de exemplificarmos e analisarmos a dinâmica concreta da globalização.
Em 1929, logo após a Primeira Guerra Mundial os Estados Unidos mergulharam em uma profunda crise econômica causada pela diminuição das exportações para a Europa, esta crise afetou diretamente o Brasil, pois, os Estados Unidos eram os principais compradores do café brasileiro, e, com a crise, a importação desse produto diminuiu e os preços caíram inviabilizando a sua produção. A queda do preço incentivou a busca por novas oportunidades de negócios e o capital primitivo acumulado foi investido na industrialização e na consequente substituição dos produtos importados contribuindo com a industrialização do Sudeste brasileiro.
O acúmulo de diferentes conhecimentos e técnicas empregadas na representação espacial também é um emblemático exemplo da integração de espaços antes desconectados pela distância. Os mapas que no Século XV permitiram travessias ultramarinas é são o resultado da capitalização de conhecimentos matemáticos, artísticos e geográficos produzidos em diferentes épocas e lugares.
Para compreensão dos fatos citados acima é necessário mobilizarmos uma série de conhecimentos que estão organizados, segundo Roldão (2010), em uma quadrícula curricular de disciplinas estanques. Como compreender de forma holística os fenômenos se fomos doutrinados a pensar de forma fragmentada? Não podemos cobrar dos professores um trabalho que valorize a integração uma vez que a sua formação inicial foi pautada em um paradigma simplista, separatista e reducionista que não responde às necessidades de um mundo marcado pela complexidade.
Não tenho a pretensão de realizar uma recorrente e enfadonha discussão sobre os conceitos de multidisciplinaridade, interdisciplinaridade ou transdisciplinaridade, uma vez que esses conceitos já foram exaustivamente explorados pelos mais diferentes atores sociais, entretanto cobiço mostrar que ações de integração com diferentes componentes curriculares podem tornar os conteúdos apresentados aos estudantes mais significativos.
Integrando Matemática e Geografia na formação de professores
Como geógrafo docente ministrando o curso Cartografia: Topografia e Representações na graduação em Matemática do Instituto Singularidades foi possível refletir sobre estratégias de ensino que valorizassem a integração didática entre duas áreas do conhecimento que, muitas vezes, são entendidas, equivocadamente, como antagônicas.
A Matemática e a Geografia são áreas do conhecimento incorporadas e adaptadas à atual forma escolar como disciplinas que pouco dialogam no chão da escola. Embora o letramento cartográfico apareça nos documentos oficiais como uma atribuição do componente de Geografia, os conhecimentos matemáticos são fundamentais para a compreensão e a confecção dos produtos cartográficos, ao mesmo passo que a Cartografia contribui para situações em que os conhecimentos matemáticos sejam apresentados de forma contextualizada e significativa.
A escala cartográfica, as coordenadas geográficas, a orientação e a declinação magnética, as curvas de nível, são alguns dos elementos presentes nos mapas que estão intimamente ligados aos fundamentos matemáticos. Nesse sentido, vislumbramos que o trabalho integrado entre os componentes de Matemática e Geografia pode colaborar para a elaboração de propostas de situações de aprendizagens mais significativas para os estudantes.
Entre as muitas possibilidades, o desenvolvimento de um trabalho integrando o bairro como território de inserção da escola e espaço de vivência dos alunos parece-me um rico objeto de estudo, pois a discussão dos principais problemas que afligem esse espaço permite a mobilização de diversos conhecimentos e possibilidades de aprendizagens, entre elas a utilização de sistemas computacionais de sensoriamento remoto, a realização de estudos do meio e a apresentação de propostas de intervenção social.
O presente exposto aponta a necessidade da realização dessa discussão no interior dos cursos de formação inicial e continuada de professores possibilitando que o futuro professor, ou o professor que já esteja atuando, tenha subsídios para desenvolver situações de aprendizagens prazerosas a partir de metodologias integradoras.
Matemática e Geografia: uma abordagem interdisciplinar. Curso online do Instituto Singularidades.
O papel das saídas de campo
No curso de Licenciatura em Matemática do Instituto Singularidades, propomos situações de aprendizagens que extrapolam a tradicional fragmentação do conhecimento, como exemplo, saídas de campo (atividades externas) que permitem o rompimento com a lógica tradicional da forma escolar vigente, permitindo que o licenciando vivencie situações de aprendizagens que irão contribuir com a sua prática docente.
Em uma dessas saídas, realizamos o levantamento planialtimétrico parcial do Parque da Independência para a confecção de uma planta didática, considerando os conhecimentos históricos, geográficos e matemáticos. O espaço retratado na tela “Independência ou Morte”, de Pedro Américo, foi escolhido pela sua importância histórica como objeto de estudo integrado em uma atividade de estudo do meio, pois permite a articulação entre diferentes áreas do currículo escolar, também como a reflexão dos licenciados sobre a importância das atividades externas como um instrumento de trabalho pedagógico.
Durante o trabalho no Parque da Independência, um dos licenciandos do curso de Matemática que está em sua segunda graduação, manifestou a intenção de propor uma atividade integrando Matemática e História, nesse local, aos seus alunos, objetivando fomentar de forma mais significativa a discussão sobre ângulos. Isso indica que o trabalho desenvolvido no curso de Licenciatura em Matemática do Instituto Singularidades envereda por assertivos caminhos, formando educadores em consonância com as novas demandas da educação brasileira.
E então, será que Matemática combina com Geografia? Combina, claro que combina!
Fernando Bianco Solano é professor do curso de Licenciatura em Matemática no Instituto Singularidades.
Sim.Matemática e Geografia,combinam.Gostei muito de conhecer as diferentes formas de trabalhar às duas áreas em diferentes formas.
Afinal quem disse que ensinamos,somente sala de aula.